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Uma empresa sedeada na zona Norte está a efectuar exames à vista e a promover a venda de óculos em diversas freguesias do distrito de Bragança, contrariando a legislação em vigor, que proíbe o comércio ambulante de “artigos de óptica”.A situação não agrada à Associação Nacional dos Ópticos (ANO), que já no ano passado denunciou este tipo de práticas comerciais à ASAE, envolvendo uma empresa da zona Centro.No distrito de Bragança, os exames à visão são gratuitos e estão a ser efectuados em espaços cedidos pelas Juntas de Freguesia, tendo já abrangido os concelhos de Mirandela, Macedo de Cavaleiros e Bragança.Ao que o Jornal NORDESTE conseguiu apurar, a ANO já alertou estas três autarquias para o facto de a venda ambulante de artigos de óptica ser proibida aos olhos do decreto-lei 122/79, de 8 de Maio.“A realização de exames à visão, com a consequente venda de armações e lentes oftálmicas em espaços cedidos por algumas Juntas de Freguesia, tipifica a venda ambulante de artigos de óptica, que é proibida”, alega um ofício que o órgão representativo do sector enviou aos municípios.Segundo a ANO, “este tipo de actuação em espaço público reflecte uma limitação à livre concorrência, prejudicando os fregueses e os comerciantes”.“A saúde ocular no distrito está em perigo”, garantem profissionais do sectorA divulgação dos exames nas aldeias é feita através de cartazes colocados em locais estratégicos de cada freguesia. Além da venda ambulante denunciada pela ANO, as condições de trabalho não agradam aos profissionais do sector. Um empresário do ramo garante que os rastreios são feitos como há 20 anos atrás, “apenas com uma mesa, uma caixa de lentes, um placard com letras e sem projector”.Efectuado o exame, o cliente é encaminhado para outras mesas colocadas nas Juntas de Freguesias, mas recheadas de tabuleiros de óculos. “Vendem sempre 2 pares: um para o perto e outro para o longe, mas conheço um caso em que receitaram lentes neutras fotocromáticas a uma senhora que tinha 2 dioptrias de astigmatismo”, revelou outro profissional auscultado pelo Jornal NORDESTE.Para um outro empresário não restam dúvidas: “os exames são feitos em condições precárias e sem meios técnicos que garantam eficácia”. O certo é que já são várias as Juntas de Freguesia que franqueiam as portas a este tipo de acções, “já que os autarcas até pensam que estão a prestar um grande serviço à população”, recorda um dos associados da ANO estabelecido no distrito de Bragança.Os profissionais esperam, agora, que os organismos competentes actuem e não afastam a hipótese de comunicar a situação ao governador civil de Bragança, alegando que “a saúde ocular no distrito está em perigo”.