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"Os olhos são os senhores da astronomia e os autores da cosmografia; eles desvendam e corrigem toda a arte da humanidade; conduzem os homens ás partes mais distantes do mundo; são os príncipes da matemática, e as ciências que os têm por fundamento são perfeitamente correctas.Os olhos medem a distância e o tamanho das estrelas; encontram os elementos e suas localizações; eles... deram origem à arquitectura, à perspectiva, e à divina arte da pintura...Que povos, que línguas poderão descrever completamente sua função! Os olhos são a janela do corpo humano pela qual ele abre os caminhos e se deleita com a beleza do mundo".


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terça-feira, 7 de outubro de 2008

Contactologia

A Contactologia é uma especialidade da Optometria que tem por objectivo o desenho, fabricação e adaptação da lente de contacto (LC) mais adequada em função dos resultados do exame optométrico. Esta especificidade foi reconhecida pela Academia Americana de Optometria ( AAO ), em 1945, e exige que o Optometrista que pretende adaptar LC possua uma formação específica. O grau de rigor necessário para a adaptação de LC incrementou-se após a declaração da Food and Drug Administration ( FDA ), em 1968, nos Estados Unidos da América (EUA), que atribuiu às LC a categoria de produtos sanitários.
A prática da Contactologia consiste, basicamente, em submergir uma pequena lente no fluido lacrimal, tornando-a pouco visível, confortável e capaz de proporcionar uma adequada compensação óptica, durante o tempo necessário, sem prejudicar a saúde ocular a curto, médio e longo prazo. É tarefa do Optometrista especializado em LC determinar qual a lente apropriada para cada paciente em função das condições que apresenta, sintomas, sinais oculares e resultados do exame refractivo, devidamente anotado na ficha clínica.
Correctamente desenhada e adaptada, uma LC compensa e, por vezes, reduz ametropias , (Link para problemas mais comuns: refractivos) irregularidades corneais e determinadas disfunções binoculares. As LC são também amplamente utilizadas como ajudas terapêuticas em diversas patologias do segmento anterior do olho e mesmo em anomalias de tipo funcional, tais como a ambliopia ou as dificuldades para a visão cromática. Actualmente, tem vindo a confirmar-se a hipótese de que determinados tipos de LC podem ter um papel fundamental na diminuição da progressão da miopia em crianças.

Actualmente, existem múltiplos tipos de lentes de contacto fabricadas em materiais hidrofílicos (LCH) e rígidos permeáveis aos gases (RPG), com diferentes desenhos como se mostra na tabela 1 . Em Portugal, como noutros países, o maior leque de escolha de LC tóricas e multifocais bem como os seus desenhos mais aperfeiçoados.

A classificação das lentes de contacto actuais não é simples dado que as suas características e aplicações são bastante diferentes. Uma classificação rigorosa das LC exige que sejam considerados diferentes aspectos que as caracterizam. A seguir sugerem-se duas das classificações mais abrangentes, segundo o material de que são fabricadas e o propósito de uso das mesmas.



- LC rígidas (LCR) : são compostas essencialmente de poli-metil metacrilato (PMMA). O seu tamanho costuma ser inferior a 9.5 mm e actualmente são muito pouco utilizadas.
- LC rígidas permeáveis aos gases (LCRPG) : também se denominam de semi-rígidas e a diferença das de LCR que são impermeáveis ao oxigénio, estas incorporaram componentes poliméricos que lhe dão mais flexibilidade e permeabilidade aos gases. O seu tamanho varia entre 8.5 e 11 mm e dado que unicamente se adaptam sobre a superfície corneal são também denominadas de lentes corneais igual que as LCR de PMMA. Estas lentes classificam-se habitualmente nos seguintes grupos:
- Acrilato de silicone (SA) : lentes em que os constituintes principais são o metil metacrilato (MMA) e o siloxano. São lentes de menor permeabilidade aos gases, mais hidrofóbicas e mais rígidas.
- Acrilato de flúor-silicone (FSA) : lentes que para além dos constituintes das lentes de SA incorporam também o flúor. São habitualmente lentes de maior permeabilidade aos gases, maior hidrofilia e resistência à adesão de depósitos e mais flexíveis.
- LC hidrofílicas convencionais (LCH) : são compostas por monómeros hidrofílicos, esencialmente hidroxi-etil metacrilato (HEMA) com outros monómeros que lhes conferem distintas propriedades (humectação, permeabilidade aos gases, entre outras). O tamanho habitual para estas lentes é de 13.5 a 15.5 mm de diâmetro. A característica principal é que a permeabilidade aos gases depende do teor de água que pode variar entre 38 e 74% nas lentes mais utilizadas. Habitualmente classificam-se segundo o seu teor de água em baixa hidratação (<50%)>- LC hidrofílicas bio-miméticas (LCHB-M) : também são denominadas de bio-compatíveis, no entanto, a biocompatibilidade deve estar presente em todas as lentes aptas para o uso em seres humanos pelo que o termo bio-mimético é mais específico destas lentes. Igual que as anteriores são compostas por monómeros hidrofílicos, no entanto, alguns dos monómeros que contêm têm demonstrado uma maior eficácia na resistência à desidratação e contaminação por depósitos, pelo que se incluem num grupo aparte.
- LC hidrofílicas de hidrogel de silicone (LCH-S) : são compostas de monómeros hidrofílicos e outros hidrofóbicos (siloxano), conferindo estes últimos uma elevada transmisibilidade. Ao contrario do que acontece com as LCH convencionais, o grau de hidratação relaciona-se inversamente com a permeabilidade aos gases para valores de hidratação abaixo dos 50%. Actualmente, estas lentes são também abrangidas pela classificação FDA.
- LC híbridas : são fabricadas com materiais hidrofílicos no bordo e materiais RPG na zona central.
- LC de silicone : a sua principal característica é a permeabilidade aos gases muito alta, no entanto são muito desconfortáveis. O seu uso fica reservado quase exclusivamente à adaptação em crianças operadas de catarata congénita para a compensação da elevada hipermetropia resultante da extracção do cristalino.



- LC esféricas : podem ser fabricadas de qualquer material e serve para compensar defeitos de refracção esféricos e ainda astigmatismos corneais se fossem LCR, LCRPG ou híbridas.
- LC asféricas: são fabricadas principalmente de materiais RPG e hidrofílicos, e as suas principais finalidades são a melhor adaptação à superfície corneal (também asférica) correcção de astigmatismos baixos e melhora a qualidade visual. A principal característica que as define é o factor de excentricidade que pode ser padrão nas lentes para adaptações convencionais ou valores mais elevados para córneas irregulares como é o caso do queratocone .
- LC tóricas: são fabricadas principalmente de materiais RPG, hidrofílicos, e hidrogel de silicone e o seu principal propósito e a compensação de todo o tipo de astigmatismo .
- LC bifocais/multifocais: são fabricadas principalmente de materiais RPG, hidrofílicos, e hidrogel de silicone e o seu principal propósito e a compensação da presbiopia .
- LC de geometria inversa: são fabricadas de materiais RPG e utilizam-se principalmente para a redução da miopia por moldagem da córnea ( ortoqueratologia ). Também se aplicam em córneas de geometria oblatada (córneas mais planas no centro que na periferia, normalmente resultado de algum procedimento cirúrgico ou traumático).
- LC especiais para astigmatismo irregular: estas lentes possuem desenhos especiais para a sua adaptação sobre córneas com graus severos de irregularidade ( queratocone , cicatrizes corneais, irregularidades post-cirúrgicas, etc). São fabricadas principalmente de materiais RPG mas também existem algumas lentes deste tipo fabricadas com materiais hidrofílicos.
- LC hidrofílicas: a diferença com as lentes normais é a sua maior espessura para minimizar a flexão da lente sobre a superfície irregular.
- LC RPG: as principais diferenças com as LCRPG antes referidas costumam ser uma maior excentricidade na superfície posterior, tamanho reduzido de zona óptica e/ou desenhos especiais de curvas periféricas.
- LC Esclerais: estas lentes utilizam-se quando as irregularidades são tão graves que impedem a adaptação satisfatória sobre a superfície corneal e limbal. Têm tamanhos superiores a 15 mm de diâmetro.
- LC terapêuticas: são fabricadas de materiais hidrofílicos e a sua função principal é proteger a superfície ocular em diferentes situações patológicas ou após cirurgia ocular. 4
- LC cosméticas e de cor: estas lentes são fabricadas de materiais hidrofílicos e os seus propósitos de uso permitem ainda estabelecer uma sub-classificação
- Lentes de cor : a finalidade é simplesmente mudar a cor dos olhos.
- Lentes espectrais : a sua coloração é uniforme e a função é filtrar selectivamente algumas radiações do espectro visível para proporcionar uma visão de maior contraste. Utilizam-se principalmente na prática de desportos ao ar livre e em doenças degenerativas da retina.
- Lentes cosméticas : utilizadas para mascarar defeitos da superfície ocular ou estrabismos .
- Lentes de oclusão : o propósito é impedir a passagem da luz pela área pupilar.


O uso de LC, a nível mundial, passou de apenas dois milhões de usuários, em 1975, para mais de cem milhões na actualidade, demonstrando a espectacular expansão da adaptação e utilização de LC nas últimas décadas. Prevê-se um crescimento que atinja os 150 milhões de usuários até ao ano 2010, segundo dados fornecidos pela International Association of Contact Lens Educators ( IACLE ). A distribuição por regiões mundiais é a seguinte:

· E.U.A: 32 milhões.
· Ásia: 17 milhões.
· Europa: 17 milhões.
· Austrália: 0.5 milhões.
· América Latina e resto de países: 8.5 milhões.


1.4. Acreditação e supervisão da actividade contactológica
1.4.1. As fórmulas poliméricas
Existem, actualmente, vários organismos que supervisionam o desenvolvimento, produção e adaptação de novas LC. Refere-se aqui o exemplo dos E.U.A, onde a produção de LC está regulada de um modo mais estrito, usualmente servindo de referência para o resto dos países. O primeiro ponto a considerar é a nomenclatura dos materiais a serem utilizados no fabrico de LC. Estes são inicialmente designados pela United States Adopted Names (USAN), que procede à padronização da denominação dos materiais a serem utilizados como produtos sanitários, em função das suas características químicas e farmacológicas. Os nomes dados pela USAN não podem ser adoptados por nenhuma empresa como propriedade (polymacon, hilafilcon A, ou paflufocon D, são alguns exemplos desta nomenclatura).

1.4.2. Os ensaios clínicos
Quanto à distribuição comercial, a FDA deve também ser referida por se tratar do órgão com capacidade para autorizar o uso de produtos alimentares e sanitários em humanos nos E.U.A., abrangendo também as LC desde 1968. Actualmente, tal como acontece com os medicamentos, as LC têm de superar rigorosos testes sistematizados em protocolos de investigação, nos centros de referência existentes em todo o mundo, antes de serem comercializadas. Nestes centros, verifica-se a biocompatibilidade dos novos materiais que os fabricantes pretendem comercializar e as vantagens que fornecem face a outros produtos já disponíveis no mercado.

1.4.3. O fabrico e o controlo de qualidade
Quanto ao fabrico, outros organismos uniformizadores elaboram guias de tolerância destinados aos fabricantes, com o objectivo de que estes ofereçam produtos com a máxima qualidade e com os mais altos índices de reprodutibilidade. É o caso das normas ANSI ( American National Standards Institute ) , ISO ( International Organization for Standardization ), BSI ( British Standards Institution ), SA ( Standards Australia ) e CEN ( European Committee for Standardization ).

1.4.4. O ensino da Contactologia
No que diz respeito à padronização dos procedimentos de adaptação, a organização mais importante a nível mundial na actualidade é a International Association of Contact Lens Educators ( IACLE ). Esta organização é constituída por docentes dedicados ao ensino da Contactologia em países de todo o mundo. Proporciona formação contínua aos educadores, bem como material docente para as aulas dos centros universitários em que se leccionam as especialidades optométricas. A indústria tem reconhecido o trabalho da IACLE na melhoria dos níveis de conhecimento e desempenho dos profissionais envolvidos na prescrição e adaptação de LC, financiando os projectos realizados por esta organização. O esquema de trabalho da IACLE está orientado fundamentalmente para a "educação dos educadores". Pretende-se, com isto, que o paciente seja o último beneficiário de todo o processo formativo fornecido a docentes e estudantes que, posteriormente, proporcionarão melhores e mais seguras opções de compensação com LC à sociedade. Actualmente, este organismo agrupa mais de 500 profissionais do ensino da Contactologia em mais de 60 países, realizando uma intensa actividade educativa, principalmente em países em vias de desenvolvimento da Ásia e América Latina. Esta formação está a cargo principalmente dos membros acreditados como Fellow of IACLE . Também tem sido importante para a estandardização do ensino da Contactologia nos países europeus o programa recomendado pela Associação Europeia de Universidades, Escolas e Colégios de Optometria (AEUSCO).

2. Reflexão sobre as tendências, actividade científica, presente e futuro da Contactologia

O colectivo optométrico e em geral, todas aquelas pessoas envolvidas de um ou outro modo na atenção visual da população mundial assistimos actualmente a rápidas mudanças, reflexo da vertiginosa evolução tecnológica e científica do nosso tempo, comum a todos os domínios da ciência. Cada vez com mais frequência, são apresentadas novas abordagens terapêuticas nas que o optometrista como profissional responsável da atenção visual primária tem um papel decisivo. A Contactologia é o paradigma desta evolução, sendo possivelmente a área mais interdisciplinar da Optometria, sendo a que mais tem evoluído nos últimos 50 anos.
Seguramente os mais veteranos ainda se lembrem da altura em que apenas se adaptavam lentes de contacto rígidas de metacrilato (PMMA). Estes mesmos profissionais assistiram estupefactos à aparição das lentes hidrofílicas introducidas pelo Professor Otto Witcherle e o seu colega o Dr. Dravoslav Lim na Academia Checa de Ciências entre as décadas de 50 e 60, as lentes de contacto rígidas permeáveis aos gases (RPG), o uso prolongado, com os seus avanços e retrocessos ou as lentes descartáveis; por citar apenas alguns dos eventos mais importantes desta revolução. No entanto, na actualidade já não entendemos a Contactologia sem as lentes de contacto descartáveis, as lentes tóricas, multifocais, a ortoqueratologia , ou os materiais de alta permeabilidade que têm vindo a ganhar terreno nas novas adaptações de lentes de contacto, demonstranto por outra parte que os profisionais da Contactologia estão atentos às intonações e tratam de as proporcionar aos seus pacientes para garantir uma melhor saúde visual.


A Contactologia, que em certo modo viu a sua evolução interrompida pela expansão da cirurgia refractiva , soube reagir espectacularmente com novos materiais, novos desenhos e novas soluções terapêuticas, sem esquecer os avanços em sistemas de manutenção e limpeza que expandiram o âmbito de acção do contactologista para além das expectativas mais optimistas. Evidentemente a industria das lentes de contacto teve uma responsabilidade fundamental neste âmbito, mas não podemos esquecer os milhares de investigadores que anonimamente desde os seus laboratórios em todo o mundo se esforçaram para consolidar o conhecimento científico à volta das lentes de contacto e a sua área de acção, a superfície ocular. O impacto destes trabalhos é cada dia mais evidente, com visibilidade nos jornais científicos mais prestigiados na área da Optometria e Ciências da Visão, a fisiologia ou os biomateriais, entre outras. Basta referir que segundo dados obtidos da base de dados da National Library of Medicine nos três períodos de 18,3 anos decorrentes entre 1950 e 2005, o número de publicações sobre lentes de contacto ( contact lenses ) aumentou de 970 entre 1950 e 1968 para 3718 e 4571 nos períodos 69-87 e 88-05, respectivamente.
Podemos assim dizer, que a tão anunciada crise, serviu como quase sempre acontece para reforçar esta área do ponto de vista clínico e desde logo do ponto de vista comercial. Mas também é certo que não tudo está feito. Na figura 4 apresenta-se um gráfico com a frequência de sintomas de secura ocular referida por utilizadores de LCH em relação a pessoas que não utilizam LC. De facto todos sabemos que as lentes de contacto actuais não satisfazem as demandas e exigências da totalidade dos seus pacientes. Continuamos a ter uma importante proporção de utilizadores que deixam de o ser por diversos motivos (económicos, conveniência, conforto, complicações, etc.) que fazem com que o mercado da LC cresça a um ritmo menor do que o esperado, tendo em consideração a proporção de novos usuários que cada ano conquistamos.

Por isso não podemos atenuar a pesquisa de novas soluções para melhorar o conforto e a tolerância das LC. Esta deve ser intensificada, bem como a procura de novas técnicas para satisfazer as necessidades dos usuários de LC e principalmente dos potenciais usuários destes elementos de compensação visual ( figuras 5 e 6 ). É responsabilidade de todos colaborar, cada qual desde o seu local de trabalho, na evolução da Contactologia do futuro, cujos limites ninguém na actualidade se atreve a prognosticar. Considerando que em Portugal aproximadamente existem 300.000 utilizadores de lentes de contacto (3% da população) e que a sua incidência de utilização noutros países atinge os 15%, podemos esperar que nos próximos anos a proporção de usuários possa aumentar no mínimo em outros 300.000 utilizadores, valor que nos colocaria na órbita de países como o Reino Unido (aproximadamente 6% da população usa LC). Teremos que estar preparados.
Todos aqueles que desejam acompanhar e participar nestes desenvolvimentos, devem ser conscientes que as mudanças serão rápidas, por vezes frustrantes pela sua celeridade. Exigirão de nós, profissionais de Contactologia, uma constante actualização, muito estudo e principalmente confiança e rigor na nossa actividade profissional, antepondo à frente de tudo a saúde visual dos nossos pacientes. O certo é que ainda ficam alguns problemas por resolver e muitos novos horizontes por explorar.


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